Papa Francisco convidou os padres a pedirem a graça de estarem “bem cansados” e de aprenderem a repousar com discernimento
O tema central da homilia do
Papa foi o cansaço dos sacerdotes. “Sabem quantas vezes penso nisso, no cansaço
de todos vocês?”, perguntou Francisco. “Penso muito e rezo com frequência,
especialmente quando sou eu que estou cansado. Rezo por vocês que trabalham no
meio do povo fiel de Deus, que foi confiado a vocês; e muitos fazem isso em
lugares tão isolados e perigosos. E o nosso cansaço, queridos sacerdotes, é
como o incenso que sobe silenciosamente ao céu. O nosso cansaço eleva-se
diretamente ao coração do Pai”, disse o Papa.
Francisco
encorajou os sacerdotes a perceberam também que Nossa Senhora está
ciente desse cansaço e que imediatamente ressalta isso para Deus. “Como Mãe,
sabe compreender quando os seus filhos estão cansados, e só disso se preocupa.
‘Bem-vindo! Descansa, meu filho. Depois falamos… Não estou aqui eu, que sou tua
Mãe?’”, refletiu Francisco.
Ao citar uma chave
da fecundidade sacerdotal que, de acordo com o Papa, está na forma como
os sacerdotes repousam e como o Senhor cuida do cansaço deles, Papa Francisco
afirmou: “Como é difícil aprender a repousar!”, e prosseguiu: “Nisso
transparece a nossa confiança e a consciência de que também nós somos ovelhas”.
Contudo, Papa Francisco
convidou os sacerdotes ao discernimento: “Sei repousar recebendo o amor, a
gratidão e todo o carinho que me dá o povo fiel de Deus? Ou, depois do trabalho pastoral,
procuro repousos mais refinados: não os repousos dos pobres, mas os que oferece
a sociedade de consumo?”, ponderou Francisco.
Três tipos de cansaço
De maneira
espontânea, Papa Francisco quis compartilhar suas reflexões acerca de três
tipos de cansaço. O primeiro deles foi o cansaço do povo, das multidões. Este é
um “cansaço bom e saudável”, disse o Papa. “É o cansaço do sacerdote com o
cheiro das ovelhas, mas com o sorriso de um pai que contempla os seus filhos ou
os seus netinhos. Isso não tem nada a ver com aqueles que conhecem
perfumes caros e olham você de cima para baixo”.
O segundo tipo citado pelo Papa foi o cansaço dos inimigos. Ele alertou
que o diabo e os seus secretários não dormem e, uma vez que os seus ouvidos não
suportam a Palavra de Deus, trabalham incansavelmente para silenciar ou
distorcer. Aqui o cansaço de enfrentá-los é mais árduo. Não se trata apenas de
fazer o bem, com toda a fadiga que isso implica, mas é preciso também defender
o rebanho e defender-se a si mesmo do mal (cf. Evangelii Gaudium,
83).
“O maligno é mais
astuto do que nós e é capaz de destruir num instante aquilo que construímos
pacientemente durante muito tempo. Aqui é preciso pedir a graça de aprender a
neutralizar: neutralizar o mal, não arrancar a cizânia, não pretender defender
como super-homens aquilo que só o Senhor deve defender”, advertiu o Papa.
Na conclusão, Papa Francisco falou do “cansaço de nós mesmos” que, para ele, é o mais perigoso,
uma vez que os anteriores derivam do fato de os sacerdotes estarem expostos, de
terem saído deles mesmos para ungir e servir.
“Este cansaço é
mais autorreferencial. Trata-se do cansaço que resulta de ‘querer e não
querer’”, finalizou o Papa, convidando os sacerdotes a aprenderem a estar
cansados, “mas com um cansaço bom”.
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